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GAZUA

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Uma nespereira no quintal, um quintal na nespereira

AG, 19.06.22

O tempo das nêsperas já passou. Atrasei-me neste post, como às vezes me atraso a colher a fruta. Não importa: com ou sem fruta, elas continuam aí.

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As nespereiras são dos quintais e são das pessoas, como as pessoas são dos quintais e estes delas. É um triângulo amoroso. É uma árvore doméstica por excelência — o que não quer dizer que não exista em ruas e pracetas, hortas, pomares, ao lado de poços, em terrenos abandonados. A Eriobotrya japonica é originária do sudeste asiático. Em Portugal, cresce um pouco por todo o lado, do que tenho visto. Em algumas regiões, no Norte, chamam-lhes magnórios.

Convivo com elas há tantos anos e tão familiarmente que nunca pensei muito no efeito que têm. Este ano, nuns dias que passei no Algarve, enquanto cobiçava as nêsperas (demasiado altas, demasiado longe, demasiado flagrante), tirei uma série de fotografias a nespereiras, em locais e de tamanhos diferentes.

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A nespereira é uma árvore que dá boa sombra, dá bons frutos, tem bons ramos para o que for preciso. Mas cresce muito. Vive na nossa casa. É um daqueles bichos que primeiro se aninham algures num canto; que vemos crescer, embevecidos, regando sempre, mas logo tomam conta do espaço, ocupando o quintal, como um cão que não pára de crescer e que fica a transbordar da sua poltrona preferida (que às vezes também é a nossa).

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Tenho ideia de que é uma planta um pouco fora de moda. Alguém pensa, hoje, em plantar uma nespereira no jardim?

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É uma árvore densa, escura, com folhas duras e ásperas, recorte de melena comprida, desenhos firmes. Os cachos de flores são peludos. Floresce no Inverno, o que vale 20 pontos.

A nespereira não quer saber. Deram-lhe aquela terra, aquela luz. Cresce e dá frutos, sem fazer caso. Cresce à nossa volta. Um dia, quando nos damos conta, fazemos parte dela.

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Ainda os calhaus: quem adivinha o que está nesta imagem?

AG, 16.07.20

Continuando o tema do meu post anterior sobre pedras, rochas e geologia, aproveito para deixar aqui uma imagem dum passeio geológico que fiz há poucos dias na zona do Cabo de São Vicente.

Conseguem adivinhar o que são aquelas marcas circulares na pedra, que aparecem sobretudo do lado direito? A resposta vem a seguir à imagem, mas não façam logo batota...

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Estes fósseis - já digo de quê - estão bem visíveis numa grande pedra na praia da Mareta.

Antes, tínhamos visto na parede da falésia duma outra praia pequenas incrustações de carvão - vestígios fósseis de árvores com uns valentes milhões de anos (acho que eram 160... como dizia o outro, é fazer a conta, e o geólogo que explicou tudo tão bem que me perdoe o esquecimento). Quem olha para estes pontos negros na rocha clara vai achar que são caganitas de pássaro. O passeio incluíu ainda uma explicação entusiasmada duma coisa bonita que dá pelo terrível nome de 'discordância angular',  na zona do Telheiro.

Se estiverem interessados, vai haver mais um passeio destes em Agosto. Termina na praia, o que quer dizer que pode perfeitamente acabar num mergulho refrescante. Informações aqui.

E agora a resposta: aquelas marcas circulares são corais fossilizados.